Quem sou eu

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De personalidade tão complexa que só a construção de espaços como este para comportar um pouco da trajetória intimista; paradoxalmente, tão simples a ponto de permitir-se tornar invisível em prol da autopreservação...Sou eu.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Carpe diem

Em fase reconstrução... Mais uma vez. No entanto, noto que esta difere de todas as outras ressignificações à vida por conter o elemento "maturidade".

Claro que continua assustador e imprevisível. Claro que a instabilidade ainda incomoda e freia. Mas a condução disso tudo é que mudou.

Como antes, ainda não tenho saúde financeira; como outrora, milhares de dúvidas por vezes impedem-me de gozar uma saudável noite de sono. Mas diferentemente de todas as outras decisões que invariavelmente eram envolvidas por uma aura de "país das maravilhas", hoje reconheço e preparo-me para intempéries, inclusive aquelas relacionadas a eventuais tomadas de decisões equivocadas. E lembro da célebre expressão que vez por outra me traduz: "Sou mais forte do que eu. - Clarisse Lispector".

Desci do "salto". Compreendi que para tudo há um prazo: para a alegria, tristeza, satisfação, prazer, adoecimento, estudo, estabilização emocional. Verdade tão óbvia, tão simples... tão complexa de elaborar e internalizar

Antes a urgência em viver, como se não houvesse mais tempo para o gozo, impedia-me de amadurecer com as transições. Hoje a "verdade dos prazos" me conforta e mantém a trajetória menos dura e inconstante, pois me dei conta, finalmente, de que é só uma etapa. Movendo-me corretamente,usufruo do carpe diem e alcanço metas mais ousadas e prazerosas, tanto pela sensação de dever cumprido, quanto pelos louros advindos como simples consequência da formulação e execução do objetivo.

Carpe diem! Sábia expressão, sempre válida. Na verdade, a única possível, uma vez que nos valemos do passado apenas para embasar nossas presentes decisões. Projetamos tão somente conjecturas ao planejar o futuro... Para viver de fato, resta-nos apenas o presente. Usufruamos com maturidade, e para sempre gozaremos o hoje com prazer. Eis a fórmula da plenitude.

Carpe Diem!!!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Mais uma descoberta: estudar o comportamento humano é tão gratificante!!!

Após superar com louvável desenvoltura o episódio enxaquecoso e emocionalmente instável que mais uma vez freou meus instintos, regulando a velocidade com que insisto em me mover no universo, desenvolvo mais um parágrafo neste refúgio de impressões que acalmam e traduzem episódios ímpares e ricos de estados e sensações.

Noto que, após descobrir que funciono bem ao meu lado, sei dialogar comigo mesma, reconheço meus acertos e fracassos e extraio lições significativas de quaisquer situações, sinto menos urgência em escrever. Na verdade sinto algo bem mais significativo: não há tanto o que escrever, embora um parágrafo ou outro, pontual, faça bem em doses homeopáticas. Antes, um texto lamberia muito bem uma ferida, acalmaria uma dor, amenizaria ansiedade descompensada. Hoje preciso elaborar um objetivo contundente para cada caracter, tijolo que outrora reconstruiria um pouco da auto-estima que costumeiramente sofria (e sofre) algum dano nas inúmeras, perigosas e sinuosas curvas da existência. Diria que há cada vez menos objetivos disponíveis que justifiquem meus parágrafos, mas continuarei mantendo o hábito de descrever e mensurar fatos significativos, embora nem sempre a razão que o mantém esteja definida. Genericamente, na ausência de motivação, diria apenas que gosto de exercitar a tradução de mim. Gosto de me desnudar para praticar espécie de auto-aceitação. Na melhor das hipóteses, escrevo para exercitar a auto-apreciação do amadurecimento que permeia minha vida e minha percepção do mundo.

Não gostaria mais de escrever crônicas. Que saí do trabalho e comprei revistas excitantes, que comi demais e agora estou meio ‘jururu’... No entanto devo me permitir descrever determinados episódios que de algum modo são/serão determinantes quanto ao caminho que estou trilhando e ao futuro que estou construindo.

Adquiri 09 (NOVE) revistas de conteúdo de Psicologia, tema que tanto me desperta. Ler sobre o comportamento humano é como ler a mim mesma e compreender meu universo social. Confesso grande deficiência na capacidade de empatizar com o outro; por isso leio sobre comportamento, para compreender não só meu ambiente social, mas o desajuste que julgo haver entre o autoconhecimento e a empatia. Seria uma postura paradoxal? Estou ‘estudando’...

Independente deste objetivo primeiro (creio), tal periódico me agrada bastante e constitui lazer e entretenimento. Válvula de escape minha de cada dia.

Num próximo parágrafo discorrerei sobre a necessidade de dividir o tempo, cronometrá-lo, usá-lo em meu favor para que minimize o prejuízo de não poder realizar tudo o que meu acelerado cérebro preconiza. O mais difícil, creio, está devidamente elaborado: o dia tem apenas 24 horas, das quais preciso dormir por pelo menos 7h para bem usufruir das 17 horas que restam.
Confesso que preciso exercitar a resignação sempre que lembro desta limitação, mas sigamos.


Até.

AH/SD?

JCOB, 32 anos, ‘ex-portadora do Transtorno Afetivo Bipolar e atualmente com uma segunda impressão diagnóstica no currículo – detentora de tais ‘altas habilidades’.

Com exceção ao fato de não precisar de medicação, ter AH não é muito melhor ou pior do que a primeira impressão clínica. Mantenho as mesmas angústias, a mesma sensação de satisfação e insatisfação e o triste estigma carregado pelos diferentes... Ademais, a luta pelo autoconhecimento e autogerenciamento de emoções continua, além da necessidade de sustentar alguma válvula de escape que me propulsione para longe de meus monstros psíquicos.

Antes de iniciar esta jornada de impressões, a confissão de um minipecado: hoje não é 01 de janeiro de 2011. Na verdade são 26 de janeiro de 2011. Digamos que responsabilizarei este ligeiro ajuste (ou desajuste) de datas considerando que hoje me proponho a realizar uma série de modificações internas e externas e, uma vez que boa dose de ações e impressões padronizadas faça parte do conjunto de minhas características naturais (e este livro está sendo construído justamente para revelar facetas de mim), mantenho a data de início como espécie de marco entre aquela que conversava oralmente consigo mesma para puncionar e aliviar sua inquieta psique e esta que registrará por escrito seus mais recônditos devaneios.
A cabeça lateja levemente, ansiedade contida e desnecessária. Costumeira dor que me acompanha desde quando ainda nem me fora apresentada, quando desconhecia seu nome e real função. Hoje somos íntimas, companheiras, empáticas. Quando meus pensamentos incham o cérebro num turbilhão não comportado, o latejar se insinua para lembrar-me de minhas limitações. E se insisto em não me desvencilhar da torrente de informações que se atropelam no diminuto espaço, derruba-me sem dó obrigando-me a ficar quieta, no escuro; ou talvez inquieta curtindo desde o familiar incômodo de enjôos, estocomas, até males gastrintestinais e pesadelos (quando me permite dormir).

No entanto esta enxaqueca é empática e solidária, me devolve à terra, à realidade. Obriga-me a olhar para mim, não me permite esquecer que sou falível. Algum tempo de familiar tortura e retomo a luta renovada e alerta, pois a agrura anterior, ainda fresca, avisa-me do quanto é capaz de frear minhas ações e sentidos apenas para me permitir lapidar a percepção do real sentido atribuído à vida.

Hoje minha companheira trouxe junto alguns coadjuvantes que insistem em incomodar mais que o plano físico. O estado deprimido resolveu fazer-me uma visita. Disse um olá e afastou-se para permitir que decida se desejo sua companhia ou se o dispenso. Familiar e empático. Necessário vez ou outra. Dores no corpo e baixa imunidade o acompanham. Examino-o com minúcia e despeço-me com determinação. Entreolham-se e combinam de me deixar junto apenas da inseparável enxaqueca. Ainda assim ela prefere se despedir apenas quando nota que ficarei bem, acompanhada destas memórias.

Grata surpresa! Estou bem melhor, o latejar enfraquece e ao afastar-se lentamente leva junto aquele motim que outrora se rebelou em meu cérebro, instigando-me a lutar contra mim mesma, sugerindo que deva me revoltar contra a frustração e insegurança que me assolaram a alma por algumas horas. Venci os rebeldes e despedi-me alegremente da dor e somatose, sem alopatas paliativos que enganosamente neutralizam meus companheiros, mas nada além; mostram-se ineficazes aos agentes causadores: rebelados irrecuperáveis, que para sempre terei de controlar, pois não-raro resolvem amotinar-se no anfiteatro de meus pensamentos e emoções.

Contanto que coabitemos mutualisticamente, nada resta senão receber vez por outra dolorosa companheira e sentinela.

Necessária visita.

Paz.