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De personalidade tão complexa que só a construção de espaços como este para comportar um pouco da trajetória intimista; paradoxalmente, tão simples a ponto de permitir-se tornar invisível em prol da autopreservação...Sou eu.

sábado, 27 de agosto de 2011

Bom texto para descrever o atual estágio... E o futuro: Resiliência aí vou eu!

A depressão e a dor do ser

Já foi explicitado que, de modo geral, a depressão resulta numa inibição global da pessoa, afeta a parte psíquica, as funções mais nobres da mente humana, como a memória, o raciocínio, a criatividade, a vontade, o amor e o sexo, e também a parte física. Enfim, tudo parece ser difícil, problemático e cansativo para o deprimido.

Shlishia (2005) perquiriu que a pessoa deprimida não tem ânimo para os prazeres e para quase nada na vida. De pouco adiantam os conselhos para que passeiem, encontrem pessoas diferentes, freqüentem grupos religiosos ou pratiquem atividades exóticas.

[...] os sentimentos depressivos vêm do interior da pessoa e não de fora dela e é por isso que as coisas do mundo, as quais normalmente são agradáveis para quem não está deprimido, parecem aborrecedoras e sem sentido para o deprimido. Medicamente é mais entendida como um mal funcionamento cerebral do que uma má vontade psíquica ou uma cegueira mental para as coisas boas que a vida pode oferecer. A pessoa deprimida sabe e tem consciência das coisas boas de sua vida, sabe que tudo poderia ser bem pior, pode até saber que os motivos para seu estado sentimental não são tão importantes assim, entretanto, apesar de saber isso tudo e de não desejar estar dessa forma, continua muito deprimido. Portanto, as doenças depressivas se manifestam de diversas maneiras, da mesma forma que outras doenças, como, por exemplo, as do coração. (TIBA, 2000, p. 57).

A vida perde a cor e a pessoa perde o interesse por tudo, inclusive seus hobbies preferidos, apetite, amigos, trabalho e não raro prefere ficar isolada. Assim, a doença interfere na vida da pessoa, podendo mudar até a maneira como pensa e age. O pensamento pode estar confuso, pois os sentimentos estão exacerbados, mas a pessoa tem consciência do seu sofrimento e do sofrimento que causa; não consegue encontrar um motivo que justifique essa tempestade emocional, ao mesmo tempo em que não consegue reagir a essa tendência interior.

A saída de um quadro depressivo se dá, muitas vezes com altos e baixos. O indivíduo, quando chega a procurar ajuda, encontra-se deprimido a maior parte do tempo. Com o início do tratamento começa a apresentar sensações boas e sintomas de depressão. Ao longo do processo terapêutico esses períodos de normalidade vão ficando cada vez mais duradouros e constantes, e os momentos depressivos cada vez mais raros e menos agudos.

É de extrema importância que o indivíduo deprimido tenha a noção de que é comum e muitas vezes esperado ter algumas recaídas, para que não abandone o tratamento diante de pequenas regressões. Falhas da memória, tristeza, desinteresse por tudo, recusa a alimentar-se são manifestações consideradas como alterações psicomotoras, inibição intelectual. Grande ansiedade e até mesmo comportamentos delirantes, podem ser a expressão de uma depressão, doença perfeitamente curável se detectada a tempo e que não se caracteriza por selecionar suas vítimas.

A resiliência na saída da crise

Resiliência é um termo oriundo da Física e trata-se da capacidade dos materiais de resistirem aos choques. A noção de resiliência vem sendo utilizada há muito tempo pela Física e Engenharia, sendo um de seus precursores o cientista inglês Thomas Young que, em 1807, considerando tensão e compressão, introduziu pela primeira vez a noção de módulo de elasticidade.

Young descrevia experimentos sobre tensão e compressão de barras, buscando a relação entre a força que era aplicada num corpo e a deformação que essa força produzia. Esse cientista foi também o pioneiro na análise dos estresses trazidos pelo impacto, tendo elaborado um método para o cálculo dessas forças.

O termo passou por um deslizamento em direção às ciências humanas e hoje representa a capacidade de um ser humano de sobreviver a um trauma; a resistência do indivíduo face às adversidades, não somente guiada por uma resistência física, mas pela visão positiva de reconstruir sua vida, a despeito de um entorno negativo, do estresse, das contrições sociais que influenciam negativamente para seu retorno à vida. Assim, um dos fatores de resiliência é a capacidade do indivíduo de garantir sua integridade, mesmo nos momentos mais críticos.

[...] freqüentemente é referida por processos que explicam a superação de crises e adversidades em indivíduos, grupos e organizações. Por tratar-se de um conceito relativamente novo no campo da Psicologia, a resiliência vem sendo bastante discutida do ponto de vista teórico e metodológico pela comunidade científica. Alguns estudiosos reconhecem a resiliência como um fenômeno comum e presente no desenvolvimento de qualquer ser humano, e outros enfatizam a necessidade de cautela no uso “naturalizado” do termo. (TAVARES, 2001, p. 46).

Em Psicologia, o estudo do fenômeno da resiliência é relativamente recente e está estreitamente ligado à noção de psicossomática e holismo. Vem sendo pesquisado há cerca de trinta anos, mas apenas nos últimos cinco anos os encontros internacionais têm trazido esse construto para discussão. Sua definição não é clara, tampouco precisa quanto na Física ou na Engenharia, e nem poderia sê-lo, haja vista a complexidade e multiplicidade de fatores e variáveis, levados em conta no estudo dos fenômenos humanos.

Implica, tão somente, na habilidade e capacidade humana de enfrentar e superar as adversidades sucessivas ou acumuladas, sem prejuízos para o seu desenvolvimento. Engloba a capacidade de auto-regular-se e de se auto-recuperar. Os precursores do termo resiliência na Psicologia são os termos invencibilidade ou invulnerabilidade, ainda bastante referidos na literatura.

Na verdade, é o resultado de intervenções de apoio, de otimismo, de dedicação e amor, idéias e conceitos que entram sorrateiramente nas ciências como causa e efeito, hipótese e tese de que as relações intra e interpessoais devem ultrapassar o rigor do empirismo para encontrar o acaso.

Valorizar as pequenas vitórias, mentalizar um projeto de vida, estabelecer vínculos com pessoas que podem representar coragem e estímulo, visualizar nos obstáculos a possibilidade de crescimento pessoal, ser flexível e analisar com ponderação as situações rotuladas como críticas, são habilidades a serem estimuladas na promoção da resiliência.

Um dos fatores de maior importância é o apoio e o acolhimento, feito em geral por um outro indivíduo, e essencial para o salto qualitativo que se dá. Embora seja íntima e pessoal, essa capacidade tem como suporte o desenvolvimento do autoconceito e da auto-estima, considerados elementos fundamentais para o processo de estruturação de personalidades resilientes.




EM BUSCA DA CURA...

Era o "slogan" anterior deste blog. Ainda atual e perfeitamente aplicável.

Sou leitora voraz, mas determinados conflitos existenciais minam o que há de maior e mais nobre em mim: a curiosidade, a sede em conhecer, reconhecer, interpelar, problematizar, identificar, interpretar, reelaborar...

Diariamente perco boa dose do néctar diário da informação. Busco forças e proatividade para rebelar-me contra tudo o que paralisa e destrói o que resta de alguma auto-estima.
Diariamente luto contra a depressão existencial. Paradoxal inimiga, uma vez que nasce e é alimentada pelo desenfreado desejo de saber, que por sua vez é parte dos elementos constituintes da construção de mim... Como células, que embora em quantidades e formas necessárias consistam em corpo saudável, quando reproduzidas sem controle, revela-se a tradução da morte.

Minha existência nesta vida tem sido marcada por extremos "controlados". Vivo pela metade, penso e sonho pela metade. Sou metade quase sempre.

Quando, ou melhor, se um dia essa erupção acontecer, não restará nada. Uma vez que o magma da vida arde em mim, pulula, sacudindo o cérebro e queimando cada válvula que me permite mover o corpo. A alma mantém-se como a fênix. Não sei até quando...

Sinto-me suspensa, sem interesse em fugir ou lutar. Apenas vivo e procuro elaborar cada fatídico momento. Sempre sem oferecer o melhor ou o pior que possuo de mais intenso.

Os pensamentos, que um dia acreditei que realmente fossem de uso livre, descobri que os devo comedir para auto preservação. Foi um choque, mas os coloquei no balaio junto aos outros e ... penso pela metade...

É isso, post sem dor, sem amor, sem intenção, sem emoção, sem razão, sem vida.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Carpe diem

Em fase reconstrução... Mais uma vez. No entanto, noto que esta difere de todas as outras ressignificações à vida por conter o elemento "maturidade".

Claro que continua assustador e imprevisível. Claro que a instabilidade ainda incomoda e freia. Mas a condução disso tudo é que mudou.

Como antes, ainda não tenho saúde financeira; como outrora, milhares de dúvidas por vezes impedem-me de gozar uma saudável noite de sono. Mas diferentemente de todas as outras decisões que invariavelmente eram envolvidas por uma aura de "país das maravilhas", hoje reconheço e preparo-me para intempéries, inclusive aquelas relacionadas a eventuais tomadas de decisões equivocadas. E lembro da célebre expressão que vez por outra me traduz: "Sou mais forte do que eu. - Clarisse Lispector".

Desci do "salto". Compreendi que para tudo há um prazo: para a alegria, tristeza, satisfação, prazer, adoecimento, estudo, estabilização emocional. Verdade tão óbvia, tão simples... tão complexa de elaborar e internalizar

Antes a urgência em viver, como se não houvesse mais tempo para o gozo, impedia-me de amadurecer com as transições. Hoje a "verdade dos prazos" me conforta e mantém a trajetória menos dura e inconstante, pois me dei conta, finalmente, de que é só uma etapa. Movendo-me corretamente,usufruo do carpe diem e alcanço metas mais ousadas e prazerosas, tanto pela sensação de dever cumprido, quanto pelos louros advindos como simples consequência da formulação e execução do objetivo.

Carpe diem! Sábia expressão, sempre válida. Na verdade, a única possível, uma vez que nos valemos do passado apenas para embasar nossas presentes decisões. Projetamos tão somente conjecturas ao planejar o futuro... Para viver de fato, resta-nos apenas o presente. Usufruamos com maturidade, e para sempre gozaremos o hoje com prazer. Eis a fórmula da plenitude.

Carpe Diem!!!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Mais uma descoberta: estudar o comportamento humano é tão gratificante!!!

Após superar com louvável desenvoltura o episódio enxaquecoso e emocionalmente instável que mais uma vez freou meus instintos, regulando a velocidade com que insisto em me mover no universo, desenvolvo mais um parágrafo neste refúgio de impressões que acalmam e traduzem episódios ímpares e ricos de estados e sensações.

Noto que, após descobrir que funciono bem ao meu lado, sei dialogar comigo mesma, reconheço meus acertos e fracassos e extraio lições significativas de quaisquer situações, sinto menos urgência em escrever. Na verdade sinto algo bem mais significativo: não há tanto o que escrever, embora um parágrafo ou outro, pontual, faça bem em doses homeopáticas. Antes, um texto lamberia muito bem uma ferida, acalmaria uma dor, amenizaria ansiedade descompensada. Hoje preciso elaborar um objetivo contundente para cada caracter, tijolo que outrora reconstruiria um pouco da auto-estima que costumeiramente sofria (e sofre) algum dano nas inúmeras, perigosas e sinuosas curvas da existência. Diria que há cada vez menos objetivos disponíveis que justifiquem meus parágrafos, mas continuarei mantendo o hábito de descrever e mensurar fatos significativos, embora nem sempre a razão que o mantém esteja definida. Genericamente, na ausência de motivação, diria apenas que gosto de exercitar a tradução de mim. Gosto de me desnudar para praticar espécie de auto-aceitação. Na melhor das hipóteses, escrevo para exercitar a auto-apreciação do amadurecimento que permeia minha vida e minha percepção do mundo.

Não gostaria mais de escrever crônicas. Que saí do trabalho e comprei revistas excitantes, que comi demais e agora estou meio ‘jururu’... No entanto devo me permitir descrever determinados episódios que de algum modo são/serão determinantes quanto ao caminho que estou trilhando e ao futuro que estou construindo.

Adquiri 09 (NOVE) revistas de conteúdo de Psicologia, tema que tanto me desperta. Ler sobre o comportamento humano é como ler a mim mesma e compreender meu universo social. Confesso grande deficiência na capacidade de empatizar com o outro; por isso leio sobre comportamento, para compreender não só meu ambiente social, mas o desajuste que julgo haver entre o autoconhecimento e a empatia. Seria uma postura paradoxal? Estou ‘estudando’...

Independente deste objetivo primeiro (creio), tal periódico me agrada bastante e constitui lazer e entretenimento. Válvula de escape minha de cada dia.

Num próximo parágrafo discorrerei sobre a necessidade de dividir o tempo, cronometrá-lo, usá-lo em meu favor para que minimize o prejuízo de não poder realizar tudo o que meu acelerado cérebro preconiza. O mais difícil, creio, está devidamente elaborado: o dia tem apenas 24 horas, das quais preciso dormir por pelo menos 7h para bem usufruir das 17 horas que restam.
Confesso que preciso exercitar a resignação sempre que lembro desta limitação, mas sigamos.


Até.

AH/SD?

JCOB, 32 anos, ‘ex-portadora do Transtorno Afetivo Bipolar e atualmente com uma segunda impressão diagnóstica no currículo – detentora de tais ‘altas habilidades’.

Com exceção ao fato de não precisar de medicação, ter AH não é muito melhor ou pior do que a primeira impressão clínica. Mantenho as mesmas angústias, a mesma sensação de satisfação e insatisfação e o triste estigma carregado pelos diferentes... Ademais, a luta pelo autoconhecimento e autogerenciamento de emoções continua, além da necessidade de sustentar alguma válvula de escape que me propulsione para longe de meus monstros psíquicos.

Antes de iniciar esta jornada de impressões, a confissão de um minipecado: hoje não é 01 de janeiro de 2011. Na verdade são 26 de janeiro de 2011. Digamos que responsabilizarei este ligeiro ajuste (ou desajuste) de datas considerando que hoje me proponho a realizar uma série de modificações internas e externas e, uma vez que boa dose de ações e impressões padronizadas faça parte do conjunto de minhas características naturais (e este livro está sendo construído justamente para revelar facetas de mim), mantenho a data de início como espécie de marco entre aquela que conversava oralmente consigo mesma para puncionar e aliviar sua inquieta psique e esta que registrará por escrito seus mais recônditos devaneios.
A cabeça lateja levemente, ansiedade contida e desnecessária. Costumeira dor que me acompanha desde quando ainda nem me fora apresentada, quando desconhecia seu nome e real função. Hoje somos íntimas, companheiras, empáticas. Quando meus pensamentos incham o cérebro num turbilhão não comportado, o latejar se insinua para lembrar-me de minhas limitações. E se insisto em não me desvencilhar da torrente de informações que se atropelam no diminuto espaço, derruba-me sem dó obrigando-me a ficar quieta, no escuro; ou talvez inquieta curtindo desde o familiar incômodo de enjôos, estocomas, até males gastrintestinais e pesadelos (quando me permite dormir).

No entanto esta enxaqueca é empática e solidária, me devolve à terra, à realidade. Obriga-me a olhar para mim, não me permite esquecer que sou falível. Algum tempo de familiar tortura e retomo a luta renovada e alerta, pois a agrura anterior, ainda fresca, avisa-me do quanto é capaz de frear minhas ações e sentidos apenas para me permitir lapidar a percepção do real sentido atribuído à vida.

Hoje minha companheira trouxe junto alguns coadjuvantes que insistem em incomodar mais que o plano físico. O estado deprimido resolveu fazer-me uma visita. Disse um olá e afastou-se para permitir que decida se desejo sua companhia ou se o dispenso. Familiar e empático. Necessário vez ou outra. Dores no corpo e baixa imunidade o acompanham. Examino-o com minúcia e despeço-me com determinação. Entreolham-se e combinam de me deixar junto apenas da inseparável enxaqueca. Ainda assim ela prefere se despedir apenas quando nota que ficarei bem, acompanhada destas memórias.

Grata surpresa! Estou bem melhor, o latejar enfraquece e ao afastar-se lentamente leva junto aquele motim que outrora se rebelou em meu cérebro, instigando-me a lutar contra mim mesma, sugerindo que deva me revoltar contra a frustração e insegurança que me assolaram a alma por algumas horas. Venci os rebeldes e despedi-me alegremente da dor e somatose, sem alopatas paliativos que enganosamente neutralizam meus companheiros, mas nada além; mostram-se ineficazes aos agentes causadores: rebelados irrecuperáveis, que para sempre terei de controlar, pois não-raro resolvem amotinar-se no anfiteatro de meus pensamentos e emoções.

Contanto que coabitemos mutualisticamente, nada resta senão receber vez por outra dolorosa companheira e sentinela.

Necessária visita.

Paz.